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Mandalas Terapêuticas

  • Cris Menezes
  • 8 de abr. de 2019
  • 4 min de leitura

As mandalas são círculos que contêm várias formas geométricas: quadrados, espirais e o próprio círculo. A palavra mandala significa, em Sânscrito, língua hindu, círculo. Ao mesmo tempo, se separarmos a palavra teremos o complemento de seu significado: manda, que significa essência e lá, que significa conteúdo. Portanto, podemos traduzir seu significado como o que contêm a essência.

A primeira vez em que se ouviu falar sobre mandala, ou, que se prestou atenção nela foi no século VIII a. C.. Sua utilização sempre esteve vinculada a rituais de cura e religiosos. Nos rituais de cura podemos citar o uso das mandalas nas curas indígenas. O filtro dos sonhos é um exemplo. Ele é utilizado não somente como um amuleto para purificar a energias, como também com catalisador impedindo pesadelos e afastando o mal. O oriente é reconhecido por utilizar as mandalas em seus rituais religiosos. Na Índia, os hinduístas utilizam-se da mandala para a orientação do espaço sagrado, sendo o símbolo da presença divina. É também a representação de um estado para o outro. Já, na tradição tibetana a mandala é considerada uma imagem interior sendo construída gradualmente. Principalmente nos momentos em que não se acha uma resposta para um determinado problema ou quando há algum tipo de desequilíbrio psíquico e necessita-se de uma reorganização mental. Para os budistas acrescenta-se o aperfeiçoamento interior e de evolução espiritual.

Por meio da meditação, a mandala serve como um guia conectando os dois mundos: espiritual e material por meio de sua geometria.

Por isso, ficada vez mais claro entender o significa e a potência de uma mandala. Ela não é apenas um círculo com desenhos, ela é a essência da vida. O que contêm o todo, os opostos, a relação do homem com a natureza, com Deus e consigo mesmo.

Mas por que o círculo? Por que esta figura geométrica é tão importante e considera um símbolo? Os símbolos existem para nos auxiliarem nas traduções e interpretações de algo. O círculo é um símbolo universal, pois em qualquer lugar do mundo ele possui o mesmo significado variando, apenas em algumas características, mas que remetem, sempre para seu significado geral. A figura geométrica círculo está muito associada ao ponto, isto porque ambos são considerados como sinais supremos da perfeição, união e plenitude.

Ele também é sinônimo de movimento, de expansão e tempo. Ele representa o céu, o firmamento e a ordem cósmica na astrologia. Ela é a essência de tudo pois a vida é criada a partir dela. Se pararmos para pensar descobriremos que você também é uma mandala. Toda a vida está contida em você, pois no início você também era um círculo, ovulo, que fecundado multiplicou-se em várias pequenas mandalas, células, até constituir o todo que você é.

Esse é o que podemos chamar de arquétipo do círculo, pois é alfo que todos, independentemente do lugar onde vivem conhecem. Dependendo da região e da cultura do povo pode ser acrescido nesse significado algumas outras características. Por exemplo, o antigo povo celta entende o círculo como algo que representa proteção, defesa e poder.

A partir deste entendimento de mandalas e círculos é que começamos a entender sua utilização como ferramenta dentro da terapia analítica. A Psicologia analítica procura compreender, de forma ampla e profunda, as questões relacionais do inconsciente e do consciente trabalhando, assim, a totalidade do indivíduo.

Para Jung (1875 – 1961), psiquiatra suíço que desenvolveu a teoria da psicologia analítica, acreditava que o inconsciente não é formado apenas por aspectos pessoais do indivíduo, mas, também, por uma parte coletiva adquirida por séculos da existência humana. Por tanto, o indivíduo deve ser analisado em sua integralidade, levando em consideração os aspectos relacionados ao seu inconsciente coletivo, seu inconsciente pessoal, sua consciência, o que realmente é e o contexto no qual está inserido.

Vale ressaltar que o Self não pode ser compreendido como ego, mas como o todo e a tudo o que pertence a si mesmo, isto é, os pares de opostos que constituem toda a personalidade.

Seguindo o raciocínio de que o ponto é uma representação menor do círculo, o centro da mandala, que por um lado é um ponto mais interior, nele cabem também sua periferia ou área circundante. Portanto tudo que está aparentemente fora do Self está contido nele.

Jung utilizou as mandalas como instrumento conceitual para analisar e assentar a base sobre as estruturas arquetípicas da psique humana. Ele considerava que o comportamento humano se molda de acordo com das estruturas básicas da consciência: a individual e a coletiva. A primeira aprendemos durante a vida, a segunda herdada de geração em geração.

Assim, do ponto de vista psicológico, a mandala se definiria como uma estrutura de um determinado comportamento da consciência. Se manifesta quando nossa consciência individual permanece em estado de semi vigília. Pode aparecer como fenômeno psicológico em sonhos e em certos estados de conflito.

Quando as mandalas aparecem espontaneamente significa que a psique está em processo de reintegração como fator compensador da desordem psíquica que esteja afligindo o indivíduo. Ela é entendida como uma tentativa de auto cura inconsciente que surge a partir de um impulso instintivo, no qual o molde imposto pela imagem circular com um ponto central compensa a desordem do estado psíquico. Dessa forma, Jung acrescenta ao sentido da mandala, a ordem, a integração e a plenitude psíquica.

A mandala pode retratar algo específico da vida da pessoa. Pode representar seus dons, suas lutas, seus traumas, objetivos e caminhos a seguir. Os desenhos da mandala permitem uma interação de várias áreas manifestas ou reprimidas da alma de cada indivíduo.

Nos deparamos com situações diferentes em nosso dia a dia que podem abalar física, mental e emocionalmente. Na maior parte das vezes procuramos combate-las, porém há a possibilidade de aceita-las e reconhece-las e, por fim, de nos apropriarmos dela para serem compreendidas. Perceberemos, então, que parte delas são apenas reproduções do que já foi, é e será. Este conhecimento pode causar uma certa depressão inicial, mas vivenciado em toda a sua profundidade torna-se libertador.

A mandala é a materialização visível de conteúdos invisíveis do inconsciente. Ao se permitir entrar em contato com ela tanto pela criação quanto pela pintura tem-se acesso a uma área do cérebro onde ficam armazenados e registrados todos os sentimentos de uma vida podendo-se resgatar e entender experiências anteriores.

Portanto a mandala em si representa cada um nós onde o centro é o reencontro com nós mesmos. E chegamos a ele por meio do intelecto, pois ele facilita o reconhecimento do que queremos representar e onde queremos chegar. Porém é nossa sensibilidade e subjetividade que nos auxilia no aprofundamento em nós para resgatar o que realmente precisamos melhorar referente àquela situação identificada.

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