ATO IX - A COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral é mais do que uma estrutura anatômica responsável pela sustentação e proteção do sistema nervoso

central.

Em uma perspectiva simbólica, ela pode ser entendida como um eixo fundamental da vida, conectando os mundos do corpo, da psique e do espírito. Assim, proponho a continuação de nossa reflexão sobre coluna vertebral baseada na psicologia junguiana e das ideias de Jean-Yves Leloup, integrando aspectos do corpo como portador de símbolos profundos.

Jung via o corpo humano não apenas como uma estrutura biológica, mas como um portador de significados arquetípicos. Para ele, o corpo é um símbolo vivo, uma manifestação do inconsciente coletivo no plano físico. A coluna vertebral pode ser entendida como um símbolo do eixo da psique. É a "árvore da vida" que sustenta a totalidade do ser, conectando os instintos mais primordiais, representados pelo plexo sacral, aos aspectos mais espirituais, simbolizados pela ligação com a cabeça e o cérebro. Em termos simbólicos, ela pode ser comparada ao axis mundi, o eixo que une o céu e a terra em várias mitologias. Como suporte e sustentação pode ser comparada à figura do pai, que representa sustentação e o aprendizado do poder fazer.

A energia que flui pela coluna é também uma representação da dinâmica entre o consciente e o inconsciente. No sistema de chakras da tradição indiana, que Jung admirava por sua profundidade simbólica, a coluna é o canal por onde a energia da kundalini ascende, despertando potenciais psíquicos e espirituais.

Jean-Yves Leloup, filósofo, teólogo e psicoterapeuta, aprofundou a ideia de que o corpo é um templo de símbolos que comunicam aspectos profundos do ser. Para ele, cada parte do corpo possui uma ressonância simbólica que revela dimensões da alma. Assim, a coluna vertebral, é vista como a "ponte" que conecta os aspectos terrenos e celestiais do ser humano. Dores e tensões na coluna podem refletir bloqueios emocionais, espirituais ou psicológicos. Por exemplo:

• Base da coluna (sacro): Relacionada à estabilidade, segurança e pertencimento. Tensões nesta área podem indicar medo ou insegurança.

• Região torácica: Associada ao coração e às emoções. Problemas nesta área podem refletir dificuldades em lidar com sentimentos, especialmente os de amor e perda.

• Cervical: Ligada à comunicação e à expressão. Dores ou rigidez nessa região podem simbolizar bloqueios na autoexpressão ou conflitos internos sobre o que se deseja comunicar.

  
  

Desse modo podemos entender a coluna vertebral como um símbolo do equilíbrio entre forças opostas: terra e céu, consciente e inconsciente, matéria e espírito, entre o poder e a ausência do poder. Ela nos lembra que somos seres em constante diálogo entre as dimensões físicas e simbólicas da existência, e que, essa conexão, é o que nos permite nosso entendimento sobre nossos deveres e propósitos de vida. As dores e limitações que experimentamos nesse eixo podem ser um convite para olhar mais profundamente para os aspectos negligenciados ou reprimidos de nosso ser.

Como anda a sua coluna? Ela é rígida? Flexível? Como esta o seu poder? Você entende sente a diferença entre poder e dever?