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ATO XI – CORAÇÃO E PULMÃO

  • cristiane menezes
  • 27 de out.
  • 3 min de leitura
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Na obra O Corpo e Seus Símbolos, Jean-Yves Leloup explora a dimensão simbólica do corpo humano, integrando saberes da psicologia, filosofia e tradições espirituais. Sob uma lente analítica, o coração e o pulmão emergem não apenas como órgãos fisiológicos, mas como arquétipos carregados de significados profundos, refletindo dinâmicas psíquicas e espirituais. Na tradição analítica, o coração transcende sua função biológica de bombear sangue e se torna a metáfora central do self, da integração entre consciente e inconsciente. Para Leloup, o coração é o "lugar do encontro" — onde emoções, memórias e transcendência se entrelaçam.

Coração e Pulmão são o par essencial da vida rítmica: o Pulmão (a respiração, o pneuma, o spiritus) nos conecta com o mundo exterior, com o ar, com o Espírito e a troca; o Coração (o sangue, a circulação, o thymos) é o centro da Emoção, do Sentimento e da vida interior. Juntos, eles formam o ritmo que a alma precisa para se manifestar na matéria.

Na visão junguiana, a respiração (pneuma ou spiritus) está intimamente ligada ao Espírito e à Conexão com o Inconsciente Coletivo. A Função Simbólica: O Pulmão é o órgão da troca. Ele inspira o novo e expira o velho. Problemas respiratórios (asma, dificuldades crônicas) podem simbolizar uma dificuldade em "receber" a vida (inspiração) ou em "liberar" o que não serve mais (expiração). Já para Leloup é a Relação com o Self, em sua perspectiva mística, associa a respiração à Oração do Coração (Hesicasmo) e à Presença. A respiração é o elo constante com o divino ou, em termos junguianos, com o Self (o centro da totalidade psíquica). A dificuldade em respirar é a dificuldade em estar no Aqui e Agora, em se entregar ao ritmo da vida.

O Coração é o centro simbólico do Sentimento (uma das quatro funções psíquicas de Jung) e da Vida Afetiva. Sua Função Simbólica refere-se ao centro da circulação do sangue, o veículo da vida emocional. Problemas cardíacos ou circulatórios podem simbolizar um bloqueio ou uma sobrecarga na capacidade de amar, de se entregar afetivamente ou de permitir que a vida emocional flua.

Ainda dentro da perspectiva junguiana há a relação com a Anima.  O Coração é o órgão que mais se relaciona com a Anima (o princípio feminino na psique masculina) e com o Eros (o princípio da conexão). Se o indivíduo reprime seus sentimentos (o que Jung chamaria de repressão da função Sentimento), o Coração pode manifestar o conflito.  Leloup reforça a tradição mística que vê o coração como o centro do ser, o lugar da Intuição e da Verdade. A doença cardíaca é um convite urgente para retornar a esse centro, para viver a partir do thymos (a coragem e a emoção) em vez de apenas do logos (a razão).

A união Coração-Pulmão, para ambos os autores, representa o Ritmo da Vida, a dança entre o dar e o receber, o interior e o exterior, o Espírito e a Emoção. Juntos, representam o equilíbrio entre sentir e agir, entre o amor e a liberdade.

Ao analisar o Coração e o Pulmão, tanto Jung quanto Leloup nos convidam a ir além da patologia e a buscar o significado da queixa. A doença no sistema Cardio-Respiratório é um chamado para reavaliar nosso ritmo de vida. Estamos respirando o suficiente? Estamos nos permitindo amar e sentir o suficiente? Estamos em sintonia com o ritmo do nosso próprio Inconsciente?

 
 
 

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Cris Menezes

Psicologia

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